Foi aberta ontem
de manhã a Exposição Memória Marajoara, da artista plástica Lise Lobato, no
Espaço Cultural da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Hall do Sistema
Fiepa). A mostra, que ficará aberta ao público até o dia 13 de setembro, sempre
no horário das 8 às 20 horas, apresenta 25 obras que vão de peças em cerâmica a
desenhos e objetos que retratam o universo concreto e místico do arquipélago do
Marajó. A exposição também comemora os 16 anos de trabalho da artista paraense
que se criou na ilha.
Segundo Lisa Lobato, para compor a exposição, ela também
apresenta trabalhos inéditos e obras antigas já vistas por ocasião da exposição
“Meu Quintal é do Mundo”, que procurou traduzir a arqueologia da cerâmica
marajoara, assim como os antigos desenhos exibidos na mostra individual “Nas
Águas do Arari”, na qual a artista retratou o universo dos peixes do Rio Arari.
A artista explica que procura mostrar um pouco dessa identidade e dos trabalhos
apresentados em 16 anos de atividades, inspiradas no seu mundo desde o começo
de sua vida, já que cresceu na fazenda de seu pai, no Marajó.
Lisa Lobato conta
ainda que o título da exposição faz referência ao arquipélago, temática sempre
presente em sua obra, pois desde criança ela possui uma ligação forte com a
arte marajoara. “Fui criada e passei parte de minha vida, infância e
adolescência na fazenda. Dentro da fazenda tem um sítio arqueológico da quarta
ocupação da fase marajoara e desde criança fui vendo esses artefatos aflorando
da terra preta e contando histórias. Assim foi criado meu universo estético”,
explicou. Ainda segundo a artista, o Marajó tem um infinito universo estético e
visual, sendo, deste modo, um lugar para se fotografar na memória. “É o lugar
afetivo onde pesquiso, observo e transformo, materializando a ideia, o
pensamento”, acrescentou.
Lisa Lobato começou conseguindo incluir trabalhos
selecionados em salões para novos artistas paraenses e logo alcançou outros
lugares do Brasil. Além da temática do Marajó, outra característica comum entre
os 25 trabalhos da nova exposição é a monocromia. “A unidade também é criada pela
cor branca. Todos os trabalhos são brancos”, comentou. Por isso, com a junção
desses elementos, a artista acredita que é possível proporcionar ao público uma
exposição única e especial que, segundo diz, poderá encontrar uma trajetória
que percorre o Marajó com um olhar poético e contemporâneo. “A exposição
representa mais uma história que soma na minha trajetória. Me faz ter um olhar
de fora e assim construo novas formas de pensar e de produzir. Uma individual
sempre marca um processo, que é contínuo, e que na frente vai ser ressignificado”,
concluiu a artista.
Fonte: O Liberal.