Os presidentes do Senado,
Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), participaram
ontem da plenária da XXI Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios e receberam
em mãos o livro com a Pauta Prioritária que os Municípios esperam avanço no
Congresso ainda em 2018. O presidente da Confederação Nacional de Municípios
(CNM), Paulo Ziulkoski, responsável pelo evento, reforçou que o movimento
municipalista aguarda celeridade nas tramitações de três pautas: Consórcios –
com o Projeto de Resolução do Senado (PRS) 31/2017, que possibilita os
consórcios públicos contratarem operações de crédito; Lei Kandir, que atualiza
a compensação financeira aos Municípios e aguarda apreciação dos plenários da
Câmara e do Senado; e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2015, que
atualiza os valores dos programas federais.
O presidente da Casa explicou
que as pautas irão avançar, respeitadas as normas da intervenção federal no Rio
de Janeiro, que restringe a votação de PECs.
Ziulkoski também pontuou junto
ao presidente da Câmara as pautas que tramitam na Casa e que a entidade e os
Municípios aguardam andamento. Em seu discurso, Maia começou pela importância
de se discutir o pacto federativo: “eu acredito que a grande reforma que o
Brasil precisa, nos próximos quatro anos, é a rediscussão do pacto”. Logo
depois, ele detalhou as matérias. “Agora mesmo, nós estamos na discussão do
projeto do Imposto Sobre Serviços (ISS), junto ao deputado Luiz Lauro, para que
a gente possa votar o mais rápido possível. Estamos com o João Arruda
organizando o final do relatório da Lei de Licitações, que é muito importante
para criar uma nova regra da lei de licitações, que hoje inviabiliza muitas
vezes a gestão pública. Acredito que essas mudanças, entre outras, serão muito
importantes.”
Por fim, o presidente da Câmara
fez uma ressalva. “Estou com a lista aqui apresentada pelo presidente da
Confederação e tenho certeza de que muitos dos projetos aqui demandados a gente
tem toda condição de avançar. Mas sabemos que vivemos um período pré-eleitoral,
então é importante que vocês organizem o que de fato é prioridade”.
De acordo com o
vice-presidente da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó (AMAM),
Guto Gouvêa, prefeito de Soure, a marcha é uma grande oportunidade para que as
autoridades federais assumam compromissos para o desenvolvimento dos
municípios. “Em nenhum momento esse diálogo entre os prefeitos e Brasília foi
tão aberto. Então, temos que aproveitar essa grande chance de ter atendidas
nossas reivindicações pela aprovação da Lei Kandir e pela mudança na Lei das
Licitações, para que ela deixe de ser menos burocrática”, destacou
O
prefeito de Bagre também ressaltou a importância da marcha para que as pautas
municipalistas sejam atendidas. “Unidos somos mais fortes. O Pará,
principalmente o Marajó, sozinho, não vai conseguir resolver as suas mazelas. É
um momento de somar força”, disse.
Primeiro
presidenciável a participar do painel da XXI Marcha voltada para apresentação
dos candidatos ontem, o deputado federal Jair Bolsonaro retomou, diversas vezes
durante o debate, questões de segurança pública, previdência, repasse de
recursos aos Entes locais e a relação com o Ministério Público. Ele também
descartou aumentar a carga tributária. “Meu grande sonho é não vê-los mais aqui
em Brasília porque, assim, a Federação estaria mandando os recursos diretamente
e vocês não precisariam mais vir a Brasília com pires na mão”. A solução veio
ao fim da fala, “extinguir o Ministério das Cidades para o dinheiro ir direto
ao Município.”
O
candidato sabatinado na sequencia foi o presidente do Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Guilherme Afif Domingos. O
candidato apresentou um vídeo com sua proposta de governo nos minutos iniciais
que tinha para explanar um assunto em geral. No vídeo, ele destaca suas
principais ideias e faz algumas promessas de governo. Afif optou por apresentar
o vídeo ao invés de utilizar os cinco minutos que tinha pra falar. “Eu gostaria
de apresentar minha linha de pensamento, que não é de hoje, tem mais de 30
anos, exatamente para poder organizar o nosso raciocínio para que a gente possa
na sequência ter um debate bastante objetivo”, explicou.
Geraldo
Alckimin foi o terceiro candidato a subir no palco e enfatizou que uma das
primeiras tarefas deve ser a união do Brasil para que o país cresça. Em sua
fala inicial, fez uma breve apresentação de seu histórico na política
municipal, estadual e nacional, enaltecendo o trabalho realizado pelos
prefeitos nos Municípios. “Vocês são guerreiros, são verdadeiros heróis. Quando
fui prefeito era muito mais fácil. O Brasil crescia no começo da década de 70,
11% ao ano, a economia. Então, você tinha o chamado milagre brasileiro, o
crescimento forte da economia. Nós tivemos nos últimos anos uma grande queda da
economia, do PIB”, disse. Alckmin citou ainda que, para o Brasil crescer, é
necessário um trabalho conjunto entre União, Estados e Municípios com uma
finalidade: o crescimento do País.
O
ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles, apresentou
um discurso baseado em números e projeções da economia para tratar dos
compromissos do presidente com a gestão local. Em seu projeto, terão destaque a
previdência, a assistência social e a educação básica. Reconheceu que o Sistema
Único de Saúde (SUS) é “uma das maiores conquistas dos brasileiros, o sistema
universal, mas que precisa de recursos e qualidade”.
Principal
nome do PT para as eleições presidenciais em 2018, Luiz Inácio Lula da Silva
enviou carta aos participantes da XXI Marcha a Brasília em Defesa dos
Municípios. Lida pela presidente do partido, a senadora Gleisi Hoffmann, o
documento reforça o compromisso de buscar soluções com os governos locais e
lembra a primeira Marcha, em que os prefeitos foram recebidos por cachorros no
Palácio do Planalto.
Por
meio da carta, Lula diz que sempre fez questão de participar das Marchas, e que
em seu governo montou uma sala permanente para receber os prefeitos e
orientá-los. Reafirmou ser candidato à presidência, refutou a sentença que o
faz cumprir pena e afirma que pode fazer um governo ainda melhor do que fez. “O
Brasil precisa resolver os seus rumos de forma democrática”, afirma, ao dizer
que sua sentença deve ser definida nas urnas.
F: O Liberal