Municípios e estados vão passar a receber adiantado do
Ministério da Saúde, em uma única parcela, os recursos necessários para a
construção, reforma ou ampliação de hospitais e centros de atendimentos do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Com a nova medida, a Caixa Econômica Federal, que atualmente
repassa os recursos e fiscaliza sua aplicação para liberação de novas parcelas,
deixará de participar do sistema. Ao anunciar a medida, o ministro da Saúde,
Ricardo Barros, disse não estar preocupado com aumento de riscos de fraudes.
“Não tenho nenhuma preocupação com desvio. Os prefeitos sabem da sua
responsabilidade, respondem à Lei de Responsabilidade Fiscal, além do controle
de órgãos como CGU e Tribunais de Contas”, disse. Existem atualmente 11,8 mil
obras da saúde em ação ou em execução, que juntas têm valor aproximado de R$ 3
bilhões.
Pelo novo modelo, municípios e estados que receberem os
recursos terão de apresentar, a cada 60 dias, um informe sobre o andamento da
obra no Sistema de Monitoramento de Obras. Essa plataforma já existe e, de
acordo com ministro, será ampliada. Visitas serão feitas por amostragem para
verificar se a situação corresponde à informada por gestores no Sismob. Se
houver descumprimento de prazo, o gestor será notificado para resolver o
problema, num prazo de 3 meses.
Se o erro não for reparado, os recursos serão devolvidos.
Barros, no entanto, não informou qual a composição da equipe responsável por
fazer as visitas por amostras ou a periodicidade em que essas vistorias seriam
realizadas. Disse apenas que a tarefa ficará a cargo do Denasus, um
departamento com auditores que já são responsáveis pela fiscalização da
aplicação de todos os recursos do SUS, além de participar de fiscalizações a
pedido de órgãos de controle.
Não está também estabelecida como será a devolução de
recursos, caso irregularidades sejam identificadas. O ministro afirma que será
feita de forma automática, mas não disse se o valor será feito de forma
integral ou somente o que ainda não foi gasto. Dizendo confiar nos gestores, o
ministro defendeu o novo formato. Segundo Barros, a nova lógica vai reduzir
burocracia e os custos das obras. “Vamos evitar o flagelo nacional que é a
quantidade imensa de obras que come- çam e não terminam. Com repasse
antecipado, vamos ter mais empresas interessadas em fazer. Hoje, muitas não se
interessam porque não sabem quando, como e se vão receber”, afirmou o
presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saú- de, João
Gabbardo dos Reis.
A mudança integra uma nova política do Ministério da Saúde
para o repasse de recursos federais a estados e municípios. Além de verba
adiantada para obras, o ministério dará mais liberdade para que prefeituras e
governos gastem recursos na área. Atualmente, o dinheiro vai “carimbado” para
determinada atividade. Caso o dinheiro não seja usado para essa finalidade,
fica bloqueado. Essa lógica tinha como objetivo assegurar que estados e
municípios não destinassem recursos apenas para atividades consideradas de
maior apelo para a população, como contratação de médicos, compra de
ambulâncias ou equipamentos e deixasse de lado atividades com menor
popularidade, mas igualmente necessárias, como ações de vigilância em saúde ou
combate a vetores.
Os recursos agora terão duas destinações: custeio e
investimento. Antes, havia seis blocos temáticos. “Com o modelo anterior,
muitos recursos ficavam paralisados. Foram pelo menos R$ 5,7 bi em 2016”,
afirmou o ministro.
Fonte: O Liberal